terça-feira, 29 de junho de 2010

Luis, estamos juntos....

na cruzada pelo futebol ofensivo e contra este nacionalismo que beira o ridículo em tempos de Copa do Mundo!

E o Bruno?

Parece que ele está negociando com o Bangu!
Além disso vai ser convocado no lugar do Júlio César, para jogar o mata - mata da copa do Mundo.
Ah, ia esquecendo um detalhe: desta vez não tem para o Loco Abreu, pois ele pega a penalidade máxima!

domingo, 27 de junho de 2010

Futebol Ofensivo


É muito legal ver um time ofensivo na Copa do Mundo. Ah! mas é a Argentina. Dene - se os chauvinistas, eu vou torcer para a Argentina. Para o futebol ofensivo praticado até agora, que beira a irresponsabilidade num esporte que no século XXI preza os zagueiros e os volantes. Frágil na defesa e tão talentoso no ataque. E se a Argentina perder no sábado, voltará aquela história que quem quer ver show deve assistir a Ivete Sangalo, que o futebol hoje é "assim, assado".Perderá o futebol!!!

Futebol e Norbert Elias

"As relações humanas orientadas por regras não se podem compreender se houver uma suposição tácita de que as normas ou as regras estão universalmente presentes desde o início como propriedades invariáveis das relações humanas. Esta suposição impede que se pergunte e se observe como e em que circunstâncias as competições sem regras se transformam em relações com regras fixas. Guerras e outros tipos de relações humanas com poucas ou mesmo nenhumas regras provam por si só de que não se trata de um problema meramente hipotético" (ELIAS, 1980: 82).

O futebol pode serencaixado nesta definição apontada acima por Elias. De uma disputa popular pouco ou nada regrada, considerada ‘não civilizada’ praticada durante a Idade Média e Moderna, transforma-se em uma modalidade esportiva dotada de regras, códigos de condutas, tribunais esportivos e outros aparelhos punitivos e controladores (Por exemplo os STJD da vida). Durante a realização de uma partida, cabe única e exclusivamente ao árbitro e seus assistentes o controle e aplicação das regras.

O que é legal no futebol?

Ver o Messi e seus dribles ou a eficiência do Elano? Ver o Robben entrando em forma ou o Lúcio dando carrinho como tresloucado? Ver o Maradona beijando seus jogadores na beira do campo ou o Dunga xingando o Drogba?

Stone pé frio!


Ele chegou a África do Sul para torcer pelos EUA e para a sua Inglaterra e viu ambos serem eliminados nas oitavas.Será que o Mick Jagger vai torcer pelo Brasil do seu filho?

Futebol e tecnologia


O telão mostrou, hoje, dois erros de arbitragem gravíssimos na Copa do Mundo. No caso do gol de Tevez o bandeirinha viu o impedimento no telão, chamou o árbitro e este, por decisão da FIFA - que não admite nenhum tipo de auxílio eletrônico - decidiu manter seu erro. A Argentina agradece!
è bonitinho falar que o gol não validado para a Inglaterra é uma justiça histórica. Mas em 1966 não existia tecnologia para consertar o erro na final. Hoje telões, chips, replays estão aí para isso!!!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Maiden

O set list apresentado foi o seguinte:

1 - The Wicker Man
2 - Ghost Of The Navigator
3 - Wrathchild
4 - El Dorado
5 - Dance Of Death
6 - The Reincarnation Of Benjamin Breeg
7 - These Colours Don't Run
8 - Blood Brothers
9 - Wildest Dreams
10 - No More Lies
11 - Brave New World
12 - Fear Of The Dark
13 - Iron Maiden

Encore:
14-The Number of the Beast
15-Hallowed Be Thy Name
16-Running Free

HEAVEN AND HELL

Os membros remanescentes do HEAVEN AND HELL, Tony Iommi, Geezer Butler e Vinny Appice, anunciaram que farão um último show para celebrar a vida e obra do velho Dio, no dia 24 de julho, no “High Voltage Festival”, que será realizado em Londres. Os vocais ficarão a cargo de Glenn Hughes (BLACK SABBATH/DEEP PURPLE/TRAPEZE) e Jorn Lande (MASTERPLAN).

O HEAVEN AND HELL estava agendado para fazer uma tour pela Europa durante o verão (europeu), contudo a doença, e posterior morte do mestre Ronnie James Dio impediu que os planos se concretizassem.

“Será uma ocasião muito emocional”, declarou Butler. “Ronnie amou seus fãs como mais ninguém que eu conheça – e eles o amaram. Será um privilégio fazer um show em tributo à sua memória. Acima de tudo, eu espero que isto encoraje as pessoas a fazerem check ups regulares para esta doença, pois o diagnóstico prematuro é vital e aumenta muito as chances de cura”, concluiu.

Tony Iommi acrescentou que “a morte de Ronnie deixou um grande vazio. Não estávamos nem perto de chegar onde queríamos como banda. Ele estava bem ansioso pela turnê européia, e espero que esta apresentação, de alguma forma, preencha esta lacuna”.

De acordo com os organizadores do festival, uma doação em nome do “High Voltage Festival” será feita ao “Ronnie James Dio “Stand Up And Shout” Cancer Fund”.

Lost

Alerta vermelho: este texto é somente para aqueles que assistiram todo o seriado de Lost, até o último episódio.
Eu, como Nemesis da série que amo… Criticar negativamente o Series Finale de Lost, um episódio feito sob medida para agradar, emocionar e encantar, não é uma tarefa fácil. Mas a legião de descontentes tem muita razão, e eu queria – dentro de minhas possibilidades – dar-lhes voz com essa crítica (fato é que os principais veículos, como Dude We Are Lost!, Teorias Lost, Lost in Lost, foram completamente elogiosos, e até o Defenda a Ilha da sempre científica KA, foi bem mais elogioso do que seria de se supor. Isto não reflete a ferrenha divisão entre os fãs. Está faltando um ponderado contraponto. Deixem-me tentar).
Uma vez que decidiram pelo (direi por que foi) péssimo caminho de mostrar o pós-morte dos Oceanic 815 & cia., não se pode negar que capricharam na ideia. Quem já simpatiza com isso e não está muito preocupado com a complexidade da trama deve mesmo ter se deleitado de cara com o episódio. Pessoalmente, só na segunda vez que vi, já conformado e preparado, pude apreciar o capricho da revelação do Limbo – o quão foi gradual, cheia de pistas elegantes, minuciosamente interpretada, pontuada por ápices emocionais, seja em diversas relações de amor (confesso que desejei dizer que ficou piegas… e não ficou… eles souberam fazer), seja com Locke e Ben, Hurley e Charlie, Jack e Christian. E ainda o final clássico, emblemático, com Jack fechando os olhos – tão espetacular a ponto de chegar, às vezes, a me distrair da dolorosa decepção. São todos grandes momentos de Lost, dignos de um Series Finale. Pesam contra todo esse deleite a forçação dos encontros na pressa do episódio, o nonsense da maneira como as lembranças são despertadas e, acima de tudo, a novidade posta goela abaixo de uma realidade espiritual pós-morte, ainda por cima no formato insosso de um clichê religioso e puritano.
Lost não é isso (assim como Star Wars, Arquivo X e De Volta Para o Futuro não são isso), e concluir a série assim é alta traição, tanto quanto seria se ocorresse com as citadas obras – todas também angariaram fãs, lealdade, paixão e altas expectativas, com a diferença de que respeitaram tais expectativas (malgrado Arquivo X tenha se perdido em má qualidade, não largou sua essência nunca, e agora vejo o quanto isto foi melhor do que o ocorrido com Lost).
Além disso, não é como se, em momentos cruciais, não tivéssemos falas a bem pensar terríveis, que não enganam, como a justificativa do encontro no limbo: “estamos aqui para lembrar… e para esquecer”. Não dá. Doeu no cérebro [Juliana, nos comentários, me corrigiu aqui - o original "let go" tem a tradução bem melhor (no contexto) de "desapegar", o que faz sentido. # v. comentario #]. Mas eu disse “falas”, no plural, por ter em mente uma segunda, que não citei. Era Jack dizendo para (F)Locke, em pleno encontro histórico, basicamente isto: “não posso detê-lo (…) vou matá-lo”. Entendo quem gostou. Sem concordar, entendo até quem apenas gostou e não viu problema algum. Mas acho que estão, acima de tudo, cegos para o fato de que toda essa poderosa sedução emocional está longe de superar toda a tragédia de roteiro deste The End, tragédia herdada pela temporada e pelo seriado inteiro.
A essência da série – sim, os enigmas – foi abandonada. Agora, quando eu ver alguém que, como eu, assiste o Piloto e fica pungentemente intrigado, fascinado, tomado pelo mistério da criatura oculta que derruba árvores e tem som mecânico, só me virá a tristeza de saber que a pessoa está sendo ludibriada. Que aquilo não é um mistério (que pressupõe resposta), mas sim apenas mera bullshit, mera enrolação sem fundamento.
Queria dizimar, de uma vez por todas, o argumento auto-enganador, a falsa consciência, de que “tudo bem Lost deixar os mistérios pra lá, porque a série é sobre personagens, não sobre mistérios”.
Todos os outros seriados têm personagens, mas só Lost justificou uma Lostpedia, que é uma enciclopédia investigativa tentando juntar todas as pistas. As comunidades estão abarrotadas de tópicos e teorias sobre enigmas, e não de comentários profundos sobre a natureza do amor ou da culpa (o que você encontraria numa comunidade de Brothers & Sisters, não em Lost). O que moveu Lost e seus fãs foi a investigação, a especulação. Se trocassem todos os personagens por outros, com vidas diferentes, mas deixassem a Ilha, a Black Smoke e a Dharma lá, Lost ainda seria Lost. Mas se tirassem todos os enigmas e só deixassem Jack, Kate & cia. na Ilha, Lost seria apenas uma versão tediosa de O Náufrago, que talvez nem passasse do episódio piloto.
Muitos, aliás, caíram na conversa fiada dos produtores. Como diz Guilherme Araújo, ao comentar o excelente artigo de Alexandre Versignassi (editor da revista Superinteressante) sobre o fim de Lost:
“Ao perceber que não conseguiriam dar conta, começou uma campanha ridícula, no início da 6ª temporada, protagonizada por produtores, roteristas e atores, que passaram a dar centenas de entrevistas (muito bem ensaiadas, diga-se de passagem) com a mesma frase: ‘A série é sobre os personagens e não sobre os mistérios em si’.”
Fato. E o passado condena os responsáveis por Lost:
Revista Veja: Muitos fão reclamam que Lost ficou mirabolante. O que está ocorrendo?
J. J. Abrams: Vou lhe dizer o que ocorre: esse pessoal não é nerd o suficiente. Nunca perdemos o controle. Ao fim da trama, todas as pontas se ligarão.
Chocante, não? Espero que isto cale os maníacos por repetir: “é uma série sobre personagens” (como se alguma série não fosse). Ainda este exemplo amargo, em palavras de Michael Emerson, intérprete de Ben: “a Ilha opera por um mecanismo científico, não algo místico ou espiritual”.
Então, Lost é sim uma série sobre enigmas. Melhor: é A Série sobre enigmas. E o que fez foi jogá-los no lixo e nos dizer: “esqueçam tudo e olhem pra cá: vejam os personagens no céu, comovam-se, fiquem anestesiados”. Para aqueles, como eu, em quem a anestesia não teve efeito, tem sido muito difícil suportar a dor e, pior, os (supostos?) fãs de Lost não só aceitando essa destruição dos rumos da série como, também, gostando dela.
Tudo isto dito, vamos aos fatos. Aos terríveis fatos.
Falarei primeiro do Limbo. Depois dos eventos da Ilha. Por fim, de como ficou a Mitologia de Lost.
O LIMBO
A primeira coisa a se esclarecer é que o Limbo pós-morte, essa novidade surgida nos últimos minutos do seriado (ou na 6ª temporada inteira, em retrospectiva), não tem nada a ver nem com a história pregressa dos personagens, nem com a mitologia da série e nem com qualquer evento específico visto ao longo de seis temporadas. É uma inclusão gratuita à trama de Lost. E ela é exatamente tão inadequada quanto seria, se surgisse fosse no final de O Poderoso Chefão, Star Wars, Homem-Aranha, O Senhor dos Anéis, Prison Break ou qualquer outra obra não relacionada à vida após a morte.
Como tal, o Limbo não faz absolutamente nada pela trama do seriado. Como um desfecho para a série, portanto, é absurdo. No que importa pra trama de Lost, sabemos apenas que a Black Smoke foi destruída (de um modo tão absurdo como surgiu), sabemos quem morreu, quem ficou e quem saiu da Ilha. Não ficamos sabendo mais nada, por incrível que pareça.
Agora, claro, há uma sensação de “wow, que genial!” no ar. Numa espécie de paródia pobre do fim da 3ª temporada, agora vemos que a história que assistíamos é outra coisa. E isto explica por que Desmond podia atropelar Locke sem problemas (já estavam mortos afinal), por que Ana Lucia ‘não está pronta’ (ainda corrupta), etc. Genial? Longe disso. Afinal, Keamy e Bakunin morrem – em plena vida após a morte! De Ana Lucia e outros problemas, falarei mais adiante.
Ficou a sensação terrível de que nem mesmo a ideia do Limbo foi proposital, mas mero improviso desesperado dos responsáveis por Lost que, ainda nessa temporada, puseram na boca de Faraday praticamente uma prova de que a “realidade paralela” foi causada pela explosão da bomba – se não foi, por que diabos ele teria aquele flash-sideway (que no caso seria falso), com aquelas equações? O que as equações mostram, bem entendido, é que uma explosão criou uma realidade paralela. Oras, acho que nem o fã mais estúpido de Lost está disposto a aceitar que uma realidade espiritual surgiu graças à explosão de uma bomba.
Um detalhe interessante, sobre a bomba ter mesmo gerado a realidade paralela/Limbo, é Juliet. No início da sexta temporada temos um festival de ambiguidades. Por um lado, Juliet está tendo flashes do momento em que encontra Sawyer no Limbo (o que faz sentido porque, como Desmond, ela foi exposta ao eletromagnetismo): “precisamos tomar um café”, “vamos dividir”, “beije-me”, “funcionou” (sobre a máquina de chocolates).
Por outro, Juliet está falando sobre a bomba: “Não deu certo. A bomba não funcionou”, “Preciso te dizer algo muito, muito importante…” (Miles completa –>) “funcionou”. Não dá pra dizer que é “muito, muito importante…” que a máquina de chocolates tenha funcionado. Juliet está dizendo que a bomba funcionou, então? Nem uma coisa, nem outra. Esses roteiristas foram muito ‘espertinhos’ (no mau sentido) nessa.
Não bastasse o Limbo ser algo posto lá à-toa, e que contradiz Faraday (e talvez Juliet), ainda é um mar de incoerências internas e nonsenses. Oras, aquele é um lugar onde estão pessoas que já morreram. Por que só eventos relacionados à Ilha e ao Oceanic 815 despertam lembranças? O Limbo só existe para os Losties? Como Aaron nasce naquele lugar? Como Bakunin e Keamy morrem naquele lugar? Eles vão pra um “meta-limbo”?! E se os mortos vão para o Limbo e demoram pra lembrar da vida real, isso complica todas as aparições de espíritos 1) de pessoas fora da ilha, como Eko e Charlie; e 2) de pessoas na ilha, que nunca estiveram lá, como a mulher de Alpert ou o amigo de Hurley – já espíritos como o de Michael são ‘explicados’ por ficarem presos ali.
Para tapar esses furos, alguns levaram Locke a sério e acham que o filho de Jack não existe, portanto Aaron não existe. Então o Limbo seria um lugar mais estranho ainda: espécie de ‘simulação espiritual’ dos losties escolhidos, vivendo uma vida fake ideal, antes de serem ‘purgados’ e irem pro paraíso. E, no caso, só os losties existem. Mas como isso é? Keamy e Bakunin não existem? Penny, que nunca esteve na Ilha, não existe? Nádia existia? Ethan existia? Cadê Walt? E se é tudo simulação-para-os-losties, por que há uma ilha afundada no oceano, incluindo tubarão com logo Dharma, que ninguém ali jamais viu ou sabe que existe? Outra vez, só os losties estão no Limbo? Por quê? O que o vôo 815 tem de especial, a não ser para o público que assiste? E se Aaron não existe, lá estão Charlie, Claire e Shannon, às portas do paraíso, numa cena patética sorrindo para um boneco.
Também sem sentido é o padrão de qualidade moral do Limbo: enquanto Michael ficou preso na ilha, sussurando (¬¬), porque matou no impulso para salvar o filho, e Ana Lucia ‘não está pronta por ser corrupta’, Sayid torturou e matou dezenas a sangue frio mas ‘tem coração bom’ e está lá na festinha celeste. E não diga que ele se redimiu ao se matar, porque Michael fez o mesmo. Pior foi ver Sayid com Shannon, quando claramente seu grande amor é Nádia. Essa foi uma escrotização no talo.
Nem tente encontrar sentido. Nada fecha. Foi tudo jogado à-toa.
Cenas bonitas à parte que nos proporcionou, o Limbo é uma patacoada imperdoável, de cabo a rabo. Se isto, por si, não faz do Series Finale algo ruim, não sei o que faria um fã desgostar. Mas tem mais.
A ILHA
Os acontecimentos da Ilha, neste Series Finale, tiveram idiotice além da conta. Por exemplo, Lapidus ter sobrevivido era impossível. Ele tinha desmaiado, e nem respirador sobrou pra ele. Além do mais, ele já havia dito que o avião não poderia decolar, na situação e posição em que estava. Tudo isso foi doendo ao longo do episódio. Como ver Ben ser reduzido a imbecil quando diz: “quando disse que destruiria a ilha, achei que fosse metaforicamente”. Como se (F)Locke não tivesse sido claríssimo e direto. E como não bastasse a desculpa ultra-esfarrapada do episódio anterior: “descobri que era a fumaça quem me convocava”, que foi de lascar (claramente um improviso, e fraco, para amarrar a incoerência). Ainda assim, dá pra dizer que são detalhes. Só que, sendo todo o resto pior, esses detalhes incomodam muito mais.
Dá pra acreditar que (F)Locke, depois de 2 mil anos tentando, não vence por pura burrice?
E que Jack morre completamente à-toa?
Pois é. (F)Locke só não venceu porque não quis! Porque, em vez de matar Jack quando teve a chance, saiu andando… abÇurdo! Ou nem matasse Jack, mas ao menos cortasse a corda… ¬¬ Ainda por cima deixou uma arma com Sawyer, estupidamente, e por isso morreu. Os losties deram apenas sorte de encarar um vilão tão burro. Tudo isso é ruim demais pra ser relevado. Não são pequenas mancadas. As questões mais importantes do seriado, como quem vence uma batalha de 2 mil anos, são decididas por pura avacalhação. O que deveria ser épico se torna patético. Você não quer ver Darth Vader perdendo a luta porque escorregou numa casca de banana. É imperdoável.
Quanto a Jack, Desmond poderia pôr a rolha de volta, sem morrer, do mesmo modo que a tirou. Jack, ao contrário, faz questão de tirar a rolha, sem razão alguma pra isso, e morre de graça. “Você morreu por nada”. (F)Locke tinha razão, afinal.
A MITOLOGIA
Superficialmente, e fazendo muita força, a trama da ilha até que fechou. Em que pé ficamos?
Uma antiga inteligência, da qual nunca saberemos a origem, colocou na Ilha uma estrutura eletromagnética e/ou vital. E é de presumir que usaram algum truque ou encanto espaço-temporal, para só permitir ao guardião acessar sua Fonte de Luz. Sabemos que é uma inteligência, e não um fenômeno natural ou espontâneo, porque o interior da Caverna de Luz possui escadas, mecanismo e uma rolha com inscrições. E creio estar claro que não foi a mãe adotiva de Jacob quem construiu aquilo. Aliás, se a estrutura é tecnológica ou mágica, ou ambos, isso fica propositalmente em aberto.
Essa estrutura, ao que tudo indica, é a causa da vida existir na Terra. Presumivelmente, há centenas de milhares de anos tal Caverna de Luz vem sendo alvo de um revezamento de guardiões, num processo sem fim. Um destes guardiões é a mãe adotiva de Jacob e seu irmão. Ao que sabemos, ela é apenas uma entre tantas, como Jacob e Hurley a seguir. Presumivelmente não foi a primeira. Ela não é especial.
Contudo, algo especial ocorre – e nossa história começa aí – quando o irmão de Jacob se torna (graças à Luz) a Black Smoke e, assim, ameaça de modo bem mais concreto a Caverna de Luz. E o clímax desta história são exatamente os eventos que a série apresenta, eventos causados pelo fato de Jacob estar reagindo à Black Smoke. Ela, afinal, está o mais próxima possível de matá-lo e de destruir a Ilha. Agora, se a fonte é destruída, toda a vida morre. Felizmente, Jack consegue deter a Black Smoke. E Hurley o sucede, numa era mais pacífica. E este é o final feliz da história.
Isto é o pouco que temos (se é que temos). Agora o muito que não temos.
Histórias centrais à série, como a da Dharma, DeGroots e Alvar Hanso, tiveram um desfecho apenas vagamente dedutível (temos que supor que a comida Dharma que chegava para os losties viajava no tempo e que toda a Dharma morreu na Ilha, não sobrando ninguém lá fora; e temos que nos conformar com não sabermos o que a Dharma fazia, a não ser que eram “experiências malucas”). Concedo, porém, que deram uma elegante ‘palha’ sobre a Dharma ao nos mostrar os antigos romanos como “homens curiosos”. Eles foram a ‘primeira Dharma’, digamos. E, do mesmo modo, foram erradicados da Ilha, pois a Fonte não deve ser ameaçada com abordagem científica.
Enigmas colossais como a natureza da Black Smoke ou a origem da Estátua foram só vagamente aludidos. Todo o movimento dos Outros, associado a Jacob, é deixado pra trás de forma totalmente confusa, incoerente, esburacada (por que eles eram hostis com os Oceanic 815, se o próprio Jacob os trouxe? – deixaram Charlie, que era candidato, claramente para morrer enforcado. Por que faziam as maluquices que faziam?). Mistérios cruciais como a bilocação de Walt, a verdade sobre os bad numbers, a importância de Aaron, as poderosas “regras” entre Jacob e seu irmão e entre Ben e Widmore, as capacidades de Miles e Hurley, a imortalidade de Jacob e de Richard, foram simplesmente esquecidos, porcamente mencionados ou, pior, contraditos. Sem contar uma série de enigmas menores, cujas respostas supostamente podem ser deduzidas, mas a bem pensar nenhuma explicação soa plausível (por exemplo, o fato de Michael não conseguir se matar – porque ele era candidato? Então por que Charlie e Sayid conseguem?).
Mesmo esquecendo tudo isso, a história que efetivamente nos contaram não ajuda. Até na mais alta das panorâmicas, a coisa é insuportavelmente mal feita. Por exemplo, nos disseram que a única maneira de a Black Smoke sair da Ilha, ou destruí-la, é manipulando outras pessoas para fazer o seu serviço indiretamente. O que Jacob faz, então? Traz centenas de pessoas à Ilha. Bastaria não trazer nenhuma! E como cada um é mais burro que o outro, a Black Smoke demora 2 mil anos para conseguir fazer alguém ir lá matar Jacob (mesmo podendo ameaçar de morte várias pessoas, e se passar por entes queridos delas – mesmo podendo transformar as pessoas em marionetes infectadas!). Pra piorar, ora Jacob reage, capotando no soco pra cima de Alpert, ora simplesmente se deixa matar por Ben, praticamente entregando o ouro. Não faz nenhum sentido.
Sobre as “regras”, que moveram a trama de Lost por três temporadas, justificaram assassinatos, riscos de vida, suspensão de vingança e, acima de tudo, justificaram o fato inexplicável de a Black Smoke não poder simplesmente ir pra cima de Jacob ou, ao menos, dos candidatos – bem como o fato anedótico de que (pelo menos) Alpert não pode causar a própria morte – na-da-foi-ex-pli-ca-do. As regras são claramente malucas. Por que Alpert não pode se suicidar, mas pode morrer pelas mãos de outra pessoa (e que imortalidade inútil era essa, portanto?)?
Por exemplo, ficou sugerido que os candidatos não podem morrer causando a própria morte (pelo menos, com Jack acendendo a dinamite, no Black Rock). Ao mesmo tempo, foi dito o oposto: que os candidatos podem morrer causando a própria morte (e por isso (F)Locke fez com que eles tentassem desarmar a bomba, no submarino – de fato, Sayid morre assim). Não fosse pela elegância que encobre falhas (o que, sim, é um mérito de Lost), todos veriam que isto ficou tão ruim quanto Heroes.
As regras entre Jacob e (F)Locke parecem mais como leis da física: impossíveis de quebrar. Mas como elas funcionam? Como surgem? Estão associadas a Jacob (como disse seu irmão, ele criaria regras no futuro), ou à Fonte de Luz (não parece, já que Hurley é livre pra fazer as regras que quiser)? Por que Alpert começa a envelhecer após a morte de Jacob e o fim de suas cinzas, mas as outras regras, como (F)Locke não poder atacar os candidatos, se mantêm de pé? Esse deveria ser o coração da trama de Lost, mas é mera arbitrariedade de roteiro.
Já as regras entre Ben e Widmore, aparentemente, são algo como “em respeito a Jacob, não cause mal ao seu camarada-Outro”. Por exemplo, Ben matar o próprio pai, que é da Dharma, é ok. E são regras “quebráveis” (Widmore as quebra com o assassinato de Alex). Isto parece dar o direito de Ben matar a filha de Widmore (olho-por-olho), mas não o próprio Widmore. Ben realmente tem um respeito sagrado por Jacob. Até que perde a fé, mata Jacob e, portanto, manda as regras pro lixo e simplesmente vai lá e atira em Widmore. Parece que fecha. Tudo muito lindo (e eu fiz muita força pra dar coerência a tudo), maaaaas… o fato é que Ben confessou mandar Goodwin para morrer nas mãos de Ana-Lucia, por ciúme de Juliet… ¬¬ Atirou em e depois até matou John Locke (que já era lider dos Outros)!! Sério que, tendo quebrado as regras nesses casos, ele ia respeitá-la justo no caso de Widmore, que matou sua filha?! Very bad… E eu espero que agora esteja mais claro como foi dolorosa essa reta final de Lost.
Outro ponto crucial da mitologia, que foi largado às traças, é a imortalidade. Céus, como Jacob sobreviveu 2 mil anos? Como Alpert passou séculos jovem? Não pode ser simplesmente a Fonte de Vida da Ilha, porque então ninguém envelheceria. Sim, eles nos deram a resposta: basta beber um líquido na presença do guardião da Ilha, e você será imortal enquanto as cinzas deste guardião não forem queimadas.
Ou seja, tudo não passa de uma simpatia de folhetim, de quinta categoria. Que droga, isso era pra ser Lost! Dá pra conceber uma resposta mais sem sentido e estúpida? Já vi pessoas dizerem que ninguém pergunta, em Harry Potter, como eles conseguem fazer mágica. Eles simplesmente fazem. E que então tudo bem Lost fazer o mesmo. Mas é uma péssima analogia, porque até a trama de Harry Potter tem regras internas claras, e até ali seria ridículo se Harry Potter ficasse imortal e invulnerável simplesmente bebendo água! Exigira um encanto fabuloso, algo que nem os maiores mestres da Escola de Magia poderiam fazer. Imortalidade é um conceito poderoso em qualquer ficção, e nem os maiores magos de Harry Potter, nem os maiores Jedi de Star Wars, podem se tornar imortais sem uma explicação muito boa, sem um esforço espetacular. E é isto o que gera drama, claro. O que Lost jogou no lixo de maneira primária, infantil.
NÃO SE FICA IMORTAL E INVULNERÁVEL POR BEBER ÁGUA OU RECITAR VERSINHOS EM LATIM.
Até em Alice no País das Maravilhas isso seria ridículo.
#Ver fãs aceitando isso de boa dá até vergonha alheia, putz.
E por falar em “Fonte da Vida”, esta ideia parece ter o mérito de tornar plausível que, por se aproximar dessa Fonte, as pessoas voltem a ficar saudáveis e sararem rapidamente. Locke andando; Rose sem câncer; etc. Mas por que mulheres grávidas morriam? Por que Ben não se curou sozinho? A luz é moralista e só salva os bons? Então por que salvou Bakunin tantas vezes e deixou de salvar Boone, ou o agente que aprisionava Kate?
Além do mais, supostamente ocorre “algo pior que a morte” com quem entra na Caverna de Luz. E é óbvio que ficar imortal e ganhar poderes fabulosos se tornando a Black Smoke é pior do que a morte… Ãh? Ok, ok, é que perder os sentimentos é que é pior que a morte (mas se a Black Smoke não tem sentimentos, não pode ser má… Ôõ… Tá, abstrai.). No entanto Jack entra lá e morre! “Ah, mas Desmond tinha desligado a Luz, então ok”. É, mas Jack volta lá dentro e religa a Luz. E morre. Game over. Nem com esse farrapo de trama, inventado na última hora, foram coerentes – ou, se você preferir, a Black Smoke nunca foi o irmão de Jacob, afinal. Mas isso só provaria que realmente nada nos contaram sobre ela. Quer pular da frigideira para o fogo?
E os caprichos insanos de Jacob? Supostamente ele trouxe “pessoas solitárias” para a Ilha. Claro que essa é outra desculpa que gera problemas. É difícil ver o que havia de errado com o piloto do avião e todas as pessoas que só foram morrer ali. Qual era o problema de Libby? E das crianças, que só fizeram ficar órfãs? Jacob não tinha um método melhor, pra trazer o avião, do que ‘fazer Desmond se atrasar na escotilha’? Sem contar coisas péssimas como Sayid estar feliz da vida, Jacob ir lá e praticamente ser o responsável pela morte de Nádia (quando poderia simplesmente riscar o nome de Sayid da lista e deixá-lo em paz, como fez com Kate) – aliás, nada explica Sun não ter viajado pro passado no voo Ajira. Se é por não ser mais candidata, como estão dizendo, Kate também não era mais.
4 8 15 16 23 42 – que frustração! Os bad numbers ora deixavam Hurley com azar, ora o deixavam com sorte mas enchiam de azar quem estivesse por perto. Por quê? Nada, foi à-toa. A Dharma transmitia tais números. O ARG Lost Experience nos deu a ótima explicação de que os números se tratavam do resultado de uma equação relacionada a eventos catastróficos, como o fim do mundo. Então, onde quer que haja desastres, a tendência é a manifestação dessas constantes. E talvez vice-versa. Isso explicaria de modo interessante o azar de Hurley, a queda do asteroide. Mas a chamada Equação de Valenzetti nem foi citada no seriado. Então conta? Acho que não. E só fizeram estragar o conceito ao mostrar que, do nada, os 6 candidatos finalistas calharam de ter os bad numbers. Não, não tem explicação.
Por fim, claro, comento os dois maiores crimes de Lost: não responderem o que é a Ilha e nem como surgiu a Black Smoke. Isso eles tinham que responder. Os conformados veem respostas: a Ilha é a Fonte de Vida do planeta, posta ali por alguma inteligência desconhecida (ETs, Deus, Duendes, Civilizações Antigas [evoluídas por seleção natural, rs], Seres do Futuro, Programadores da Matrix, etc.). E a Black Smoke é o resultado de um homem jogado dentro da Fonte.
Não são respostas, é claro.
A ‘resposta’ sobre A Ilha até passaria, se não viesse ilustrada por uma (sério!) Rolha de Vinho Gigante, que faz o “nooooo!” de Darth Vader parecer shakesperiano. Mas a verdade é que a própria ideia de uma Fonte de Vida, escondida numa caverna, que é ciclicamente protegida por guardiões solitários matusaléns é simplesmente ruim. É arbitrária, simplista, tosca. Pusessem esta Fonte no centro da Terra! Estaria a salvo! Ou, já que conseguem esconder a Fonte dentro da Ilha, escondessem a Ilha do mundo. Aquele guardião, afinal, só serve para fazer as pessoas descobrirem que a Fonte existe! Quando essas ideiazinhas chovem na cabeça, pode apostar que temos algo ridículo diante de nós. Mas isto é revelador: a trama de Lost se revela tão patética quanto a trama de qualquer religião, Bíblia, Torá, I-Ching tomadas ao pé da letra… Por que será? E pra não me acusarem de estar simplesmente tomado por um ódio idealista à religião, devo dizer que amo a sofisticação religiosa de Star Wars. A questão não é ser religioso ou científico. É fazer algo que preste!
Sobre a Black Smoke… a emblemática Black Smoke, que disparou nossas paixões ao derrubar árvores no episódio piloto, e tinir com seus insondáveis sons mecânicos. Aquilo não era sobre os personagens. Eles eram meros coadjuvantes para a experiência marcante, genial, de ser perguntar, atônito: o que É esse… monstro?! E, claro, tantas outras perguntas. A resposta foi prometida, e nunca veio. O maior mistério de Lost não passou de embromação. De engodo mesmo.
Tudo o que nos foi dito só tornou a Black Smoke patética: que ela veio de uma Caverna de Luz, sem mais, nem menos; que ela (sério) não consegue avançar no espaço vertical onde há cinzas de Jacob (ou cinzas e ponto, sei lá); que ela, às vezes, fica “presa” numa forma física sem razão alguma pra isso (e note que, mesmo depois de assumir a forma supostamente imutável de Locke, a Black Smoke ainda se passa por Alex, para Ben); e que, uma vez apagada essa Luz, ela se torna um corpo humano físico real (e de onde veio esse corpo, já que todos os reais corpos foram sepultados?). Como ela copia corpos? Por que tem sons mecânicos? Qual sua natureza? Como e por que surgiu? Por que diabos mataria o piloto Seth Norris, pra começo de conversa? Seis temporadas que se revelaram ser pura bullshit, pura bobagem nonsense.
Minha última resposta é àqueles que insistem que as respostas, se viessem, “soariam forçadas”. Este é o maior auto-engano de todos. No passado, Lost respondeu (de maneira sutil, completa e genial) essa série de questões a princípio insondáveis:
- O que havia na escotilha.
- Como e por que havia um urso polar na ilha.
- Como e por que Richard Alpert visitou o Locke criança.
- O que fazia Faraday na Iniciativa Dharma, nos anos 70?
- Por que a escotilha acende pra Locke?
- Que diabos era aquela transmissão de uma francesa pedindo ajuda, há 16 anos? (saudaaades doloridaaas!)
- Como Locke ressuscitou?
- Que voz Boone escuta no rádio do aeroplano nigeriano? (era Bernard!)
Etc, etc. As pessoas amaram, em uníssono. A série se tornou um mito moderno. Fazia sentido. Nada de ‘forçado’. Agora que as respostas não vieram, ou que são um lixo, paira esse auto-engano constrangedor de “isto é melhor do que se tivesse respostas claras”. Ah, a falsa consciência dos fãs conformistas…